quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ALGUMAS DOENÇAS INFECCIOSAS DOS FELINOS

Complexo Respiratório Felino, onde as doenças virais são mais comuns nos gatos. Ele é composto de múltiplos agentes, que atuam provocando sintomas similares,que pode vir sozinho ou acompanhado de vários outros. 
Cada agente está associado a um sintoma... Por isso, a mesma doença pode incidir duas vezes no mesmo animal, sem necessariamente apresentar os mesmos sintomas.
Nenhuma delas é transmissível para o homem.


As doenças que fazem parte do Complexo Respiratório Felino são evitadas através do cumprimento do calendário anual de vacinação. Esse consiste em 3 doses de vacina no primeiro ano de vida, a partir dos 2 meses de idade, e mais dois reforços com intervalos de 30 dias entre cada revacinação.
As doenças descritas a seguir são virais: isso significa que elas são disseminadas pelo ar, e podem ser trazidas através dele, ou de suas roupas e sapatos. Porisso, mesmo que seu gato não saia de casa, jamais deixe de vaciná-lo. Esse ato protegerá seu bichinho de estimação, evitando muito sofrimento para você e para ele.

RINOTRAQUEÍTE:
O vírus permanece de 7 a 15 dias incubado, até a manifestação da doença, que se apresenta como uma gripe: lacrimejamento nos olhos, espirros, salivação espessa e excessiva, coriza e febre eventual; se não for devidamente tratada, pode levar o gato à pneumonia e a morte. Pode ser evitada se o gato for devidamente vacinado, conforme o programa de vacinação estabelecido.
CALICIVÍRUS:
Ulceração nas mucosas internas da boca, que promovem a perda de apetite do animal. Pode haver sintomas de uma gripe seca. O período de incubação é o mesmo da Rinotraqueíte.
CLAMYDIA:
Também faz parte do Complexo Respiratório Felino, porém, manifesta-se mais intensamente nos olhos, como uma conjuntivite. Incubação: 5 a 15 dias. O animal apresenta espirros secos, sem secreção, e o nariz torna-se mais avermelhado. Pode apresentar febre. Facilmente confundível com processos alérgicos.
CORIZA:
Sob esta designação generalizada existem duas viroses responsáveis por sintomas idênticos, associados a patologia do sistema respiratório. A infecção pode provocar lesões irreversíveis na mucosa respiratória com uma desidratação generalizada intensa, podendo levar à morte dos pequenos gatinhos. Os gatos infectados já na idade adulta, tornam-se portadores crónicos deste vírus. Os sintomas típicos incluem anorexia, depressão, febre e corrimento do nariz e olhos. A doença resolve-se geralmente em 5 a 7 dias. O tratamento é apenas de suporte e consiste na administração de antibióticos para combater possíveis infecções secundárias. Somente é necessário hospitalizar gatos que requerem fluidoterapia, oxigenoterapia, e alimentação forçada. Não tratada, a coriza complica-se e pode levar a corrimentos purulentos ao nível dos olhos e nariz e pneumonias. A coriza pode ser causada por diferentes tipos de fungos e bactérias. A vacinação permite minimizar os sinais clínicos e as complicações.
PANLEUCOPENIA:
Infecção intestinal provocada por vírus. A incubação leva de 2 a 5 dias. Altamente contagiosa e geralmente fatal, principalmente em filhotes. Os sintomas são: vômito prolongado e severo, espumoso e com coloração da bílis (secreção hepática), seguida de diarréia e febre alta. Desidratação drástica, e consequente perda de sais. O gatinho morre em poucos dias, na grande maioria das vezes. Ainda não é conhecido nenhum tipo de tratamento; porém, a vacina oferece proteção contra a doença.
LEUCEMIA FELINA:
Trata-se de câncer no sangue. Os sintomas variam bastante mas, geralmente, o animal apresenta perda de peso e de apetite, e uma debilidade crescente. Também não há cura conhecida. A transmissão parece ocorrer através da mãe, e não se sabe ao certo se a transmissão ocorre pelo contato direto. Evitável através da vacina.
PERITONITE INFECCIOSA FELINA:
Também chamada de PIF ou FIP, uma das doenças felinas mais cruéis e complexas. Incide com uma frequência considerável. Contagiosa e fatal, a partir da manifestação dos sintomas, que ocorre, geralmente, a partir de uma queda de resistência. O período de incubação pode levar de 7 dias a vários anos. Os sintomas são os mais diversos, pois a doença ataca as células do sangue, e pode manifestar-se das mais variadas formas. Normalmente, provoca distenção do abdômen, devido ao acúmulo de líquidos nessa região; o gato apresenta uma coloração amarelada no corpo todo, perda de apetite, emagrecimento progressivo e debilidade geral.
Transmissão através de contato direto, urina, fezes e saliva. Existe a possibilidade de transmissão pelo ar. Nem todos os animais que apresentam o vírus desenvolverão a doença. Não há cura conhecida, pesquisas estão sendo desenvolvidas nesse sentido. Alguns resultados foram obtidos em tratamentos realizados com medicamentos para aidéticos (humanos).


Esporotricose é uma micose subcutânea causada pelo fungo Sporothrix schenckii, que acomete o homem e uma grande variedade de animais. Geralmente é encontrado no solo, crescendo em plantas, cascas de árvores, vegetais e material em decomposição, estando preferencialmente presente em ambientes quentes e florestas úmidas. A distribuição da esporotricose é mundial, ocorrendo principalmente em áreas tropicais e subtropicais, como o nosso país.

Em casos graves, onde o agente se espalha, pode haver comprometimento generalizado do organismo, desenvolvendo sinais clínicos como: apatia, perda de apetite, febre e perda de peso. Os sintomas relacionados à infecção pulmonar são fadiga, espirros, tosse com ou sem catarro, emissão do sangue pelas vias respiratórias e/ou boca, hemoptise e esforço respiratório.
    A esporotricose do gato doméstico apresenta algumas características diferentes daquela observada em outras espécies, a mais importante é a grande quantidade de células fúngicas nas lesões da pele. Essa superpopulação de fungos potencializa a capacidade infectante das lesões, quer ao homem, quer a outros animais.
    Apesar da esporotricose felina possuir um curso de tratamento relativamente longo e ser uma zoonose (doença que pode ser transmitida entre os animais e os seres humanos), há tratamento eficaz. A medicação deve ser utilizada até a total cicatrização das feridas para evitar uma recidiva.


A toxoplasmose pode ocorrer em diversos mamíferos que ingiram carne crua, especialmente através da caça, e que por sua vez ingiram um dos estadios infectantes do protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este parasita unicelular tem um ciclo de vida um pouco complicado. Sabe-se que tem de passar por um hospedeiro intermediário e por um definitivo, que é sempre o gato e APENAS O GATO, NÃO O CÃO! O toxoplasma só consegue produzir oocistos infectantes no intestino do gato. O cão não transmite toxoplasmose, coisa nenhuma. Que isto fique bem claro.
O ser humano serve portanto de hospedeiro intermediário. Nele o parasita enquista nos músculos ou outras partes do organismo. Mas esta infecção é geralmente assintomática. Muitas pessoas podem contrair toxoplasmose e não se aperceber disso, mas caso tenham sintomas estes podem ser febre baixa, dores musculares, aumento do volume dos gânglios linfáticos, perda de apetite e dores de garganta.
Uma vez exposto à doença, o ser humano desenvolve imunidade contra o parasita e raramente torna a adoecer com toxoplasmose. Isto é confirmado através de uma análise sanguínea a qual revelará que a pessoa é seropositiva em relação a esta doença. A mulher grávida seropositiva já teve a doença por isso já não há risco para o feto. Apenas grupos de risco tais como as pessoas que padecem de SIDA ou outra situação que deprima o seu sistema imunitário (pessoas que fizeram recentemente algum transplante), estão em risco de adoecer novamente e de maneira grave (pneumonias ou doenças neurológicas).
Mas o caso complica-se se a mulher grávida não é seropositiva quando engravida. Neste caso ela não deve contrair toxoplasmose pela 1ª vez durante os primeiros 3 meses de gravidez (após este período os riscos são significativamente menores). Apanhar toxoplasmose durante o 1º trimestre de gravidez equivale ao risco do bebé nascer com graves deformações neurológicas ou mesmo retardamento mental.
Já estamos a ver porque há tanto pânico... mas de alguma forma exagerado. Vamos ver porquê. Se a leitora possui um gato já há algum tempo que vive exclusivamente em casa, e que jamais come carne crua, você NÃO está em risco. De facto está cientificamente provado que manusear carne crua ou trabalhar em jardinagem sem luvas é mais arriscado do que fazer festas ao seu gato.
Os gatos contraem toxoplasmose por comerem carne crua ou caça (ratos, p ex.) que contenham algum dos 3 estadios infectantes deste parasita. Neste caso os gatos excretarão pelas fezes oocistos infectantes 3 a 10 dias após a ingestão de tecidos infectados. Esta excreção pode durar até 14 dias após a 1ª exposição do gato ao parasita. MAS APÓS ESSE PERÍODO É POUCO PROVÁVEL QUE O GATO EXCRETE DE NOVO, pois tal como os humanos, o gato desenvolve imunidade contra o toxoplasma. Os oocistos excretados nas fezes transformam-se em infectantes apenas1 a 4 dias após a excreção e podem permanecer assim no meio ambiente por vários meses. Se você eliminar as fezes do gato diariamente da caixa de areia, especialmente se usar luvas, bem vê que o risco de contrair toxoplasmose é mínimo!
Normalmente os felinos não exibem sintomas de toxoplasmose. Todavia os gatos infectados e que inadvertidamente contraem alguma doença imunossupressora (FIV ou FELV) podem adoecer gravemente com sintomas variados: letargia, depressão, febre, diarreia, pneumonia, hepatite, uveite (inflamação ocular grave) ou mesmo doenças neurológicas.
Existem muitas maneiras de minimizar o risco de contrair toxoplasmose. Cozinhe muito bem a carne pelo menos 15 a 20 m antes de a consumir. Tanto as carnes de vaca como o porco e o borrego podem transmitir a doença se consumidas cruas ou mal cozinhadas. O leite não pasteurizado de vaca, cabra ou ovelha também pode conter oocistos. Mantenha o seu gato exclusivamente em casa, não permita que ele consuma o que caça nem lhe forneça carne crua. Alimente-o com rações comerciais apropriadas.
Alguns médicos aconselham as grávidas a testar o seu gato para ver se é seropositivo ou não. Acho contraproducente até porque se der positivo, o gato pode já estar imune à doença, e já nem estar na fase de eliminação dos oocistos. Ou seja: pode já ter apanhado a doença há anos e agora já não constituir perigo nenhum. A má interpretação do teste pode condenar um gato que a priori pode não constituir perigo nenhum... Se o teste dá negativo, então melhor ainda! Não dê nada cru ao seu gato e não se preocupe mais com o assunto. O que interessa no fim de tudo é se a mulher grávida é imune ou não. Se não é, deve ser um pouco cuidadosa no primeiro trimestre de gravidez. Aliás, convenhamos: se você possui um gato há anos e ainda não está imune ao toxoplasma, não vai ser agora por azar que vai apanhar a doença só porque está grávida!
O mais provável é que o seu gato não lhe transmita mesmo a doença. E ainda mais: normalmente as mulheres descobrem que estão grávidas no 2º mês de gravidez. Se já passaram 2 meses de risco sem ter cuidados, porque entrar em pânico com o seu bichaninho se já só falta mais um mês de alto risco para o feto? Muitas pessoas não se apercebem deste facto...
A toxoplasmose não é o único perigo que as grávidas têm de enfrentar. Se houver boa higiene, e consumo de carne apenas bem cozinhada, a maioria dos problemas serão evitados. A toxoplasmose não é nenhuma novidade e as mulheres grávidas não devem temer possuir gatos. A companhia e a devoção que os felinos nos dedicam ultrapassa em muito o risco de nos expormos a doenças. Todavia se restam algumas dúvidas não hesite em contactar-nos ou o médico veterinário do seu companheiro felino!
Estime-o, não o abandone!